foram sete horas de interrogatório e a decisão só foi conhecida já depois das 22.00: Manuel Godinho fica em prisão preventiva a aguardar julgamento.
os fundamentos para a decisão não foram explicados aos jornalistas, mas fonte ligada ao processo disse ao DN que o juíz levou em conta que há fortes indícios de prática de crimes puníveis com pena superior a cinco anos. o magistrado pode ter considerado que havia risco de perturbação do inquérito, perigo de fuga ou continuidade da actividade criminosa.
os crimes de que está indiciado são associação criminosa, corrupção, tráfico de influências, falsificação e furto qualificado.
mesmo “completamente transtornado” com os acontecimentos dos últimos dias, um dos cinco irmãos de Manuel Godinho, “o do meio”, aguentou estoicamente o interrogatório judicial de ontem, no exterior da antiga casa dos magistrados na rua do príncipe real, em aveiro.
Artur Godinho, 52 anos, viu a distância curta o irmão chegar ao tribunal de instrução criminal (TIC) de aveiro pelas 11.10 rodeado de três inspectores da PJ. “não posso, não posso”, foi a curta resposta de Manuel Godinho.
a descontracção aparente com que se preparava para enfrentar a justiça, depois de uma noite passada nos calabouços da PJ enganava.
“ele está completamente abatido”, garantia o irmão e parceiro da compra e venda de sucata há mais de trinta anos, negócio iniciado ainda com o pai.
às 13.40, saída para almoço. Manuel Godinho só disse uma palavra: “sim”. essa foi a resposta quando questionado “se estava a falar” perante o juíz.
já Pedro Teixeira, o jovem advogado de aveiro contratado para as diligências judiciais de ontem com o único detido na operação “face oculta” pedia “compreensão” por não prestar declarações.
no regresso do almoço, pelas 15.15, Manuel Godinho parecia confiante: “está a correr normalmente.”
e lá entrou no TIC para mais três horas de interrogatório. cerca das 21.00 Godinho regressou e uma hora depois já estava de saída, com a decisão já tomada pelo juíz. acompanhado por elementos da PJ, o seu ar era agora bem mais carregado.
texto de Júlio Almeida.
[artigo publicado no diário de notícias – DN de hoje; artigo não acessível via internet]